quarta-feira, 28 de maio de 2014

EDGAR



Poeta!
Observa as estrelas
Polvilhadas em um céu infindo.
Tal qual  flocos de neve dos anos
Que desponta em sua vasta cabeleira.
Quem diria?
Você futuro de ontem, passado do futuro,
Ausente no presente.
Há poeta!
Quantos endereços?
Quantas culturas?
Quantos amores platônicos?
A cornucópia dos iletrados
Escarnece de seu ofício,
Suas pífias letras, obsoletos versos
E um vasto coração.
Lastro do moderno e do antigo
Mergulhado com sutilezas, safadezas,
Destrezas e tristeza que estava
Selado,
Script ensaiado
Nas linhas de suas mãos.
O gato que ri de Alice,
Já foi preto e tinha uma forca desenhada no pescoço.
O contista foi encontrado morto no esgoto.
Até hoje ouço o seu corvo,
Que era o mesmo de Berger.
Ele gritava:

Nunca mais!
Nunca mais!
Nunca mais!

segunda-feira, 19 de maio de 2014

PENSATA DO POETA



Devemos nos livrar da ignorância que vigia a mente como um livro. Folha a folha.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

MÍDIA E ELEIÇÃO: VENÇA QUEM VENCER




     É possível afirmar que as empresas de radio, televisão e jornal, enfim a mídia nacional tende a ser cooptada pelo poder federal. Não há ideologia nos negócios.
     Assis Chateaubriand idealizou a televisão brasileira de elite para as elites e, para as massas, o acesso ao aparelho viria na velocidade da democracia após 1964, lenta e gradual.
     Mesmo não sendo Chateaubriand a pessoa que recebeu os dividendos por tal investimento, a idealização da T.V elitizada se confirmou. O ideal branco e rico.
     Um observador atento poderá perceber esse fetiche ariano na T.V brasileira ainda nos dias de hoje.
     Lógico que hoje temos uma inegável diversidade, fruto de lutas das categorias alijadas do processo de pertencimento e de consumo que o veículo deve propor.
     Mesmo sabendo que os outros grupos sociais e étnicos seriam a solução para suprir uma demanda reprimida de consumo, a mídia brasileira, principalmente a televisão, relutou em dar acesso a tais grupos.
     Adaptando-se a nova realidade, a T.V não mais utiliza de artifícios para “vender” seu candidato à presidência. Coisa que fez até a segunda eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (Lula).
     Com Fernando Collor de Mello (Collor) e Fernando Henrique Cardoso (FHC) o candidato oferecido fora comprado pela patuleia (Nós).
     A fórmula mostrou-se desgastada com José Serra e Geraldo Alckimim. Ambos por não possuir carisma, coisa que Lula tem de sobra. Mídia vende, mas não faz milagres.
     Em 2014 pode-se notar um tom menos agressivo ou até amistoso com o governo e oposição. O popular “lavar as mão como Pilatos”.
     Essa atitude tem várias Razões óbvias, entre elas a de que após três mandatos petistas mídia e governo já tenham muitos interesses em comum. A outra se refere aos anos que a direita foi companheira da mídia brazuca e uma vitória desta seria a volta dos bons tempos.


     Para a mídia brasileira a eleição presidencial tem o seguinte cenário: quem vencer que vença.





sábado, 3 de maio de 2014

Vida a fora, noite a dentro - 1



Escorado do lado de fora da festa, Gabriel devora um espetinho de carne com um refri que ajuda a não descer a seco, enquanto espera seus parcerias. Conclui que sim, deveria ter ouvido seus pais e trazido uma blusa. Carros vem e vão, eles ainda esperançosos em uma virada na noite, e elas... estavam mais belas no inicio dessa função toda. Hoje ele entende o lixo e o luxo disso.


Avalia a noite (3 e um cel) e onde pode melhorar. Observa uma guria sentada na beira da calçada com a cabeça entre os joelhos repetindo o nome do ex, e fica feliz em saber que sabe fazer festa sem bebida. Uma amiga segura seus cabelos enquanto um desconhecido filma a cena toda em seu smartphone, e pergunta a moça embriagada: “Por acaso tu comeu pizza?”. 


Vê gente alta e baixa, em altura e lucidez. Se questiona em como pode ser engraçado e contraditório, encher um lugar com pessoas vazias (merda... já tô ficando cabeça de novo... vou dar um tempo no Pink Floyd...) e se esforça para não esquecer de anotar isso em seu caderno de composições. É empurrado por pessoas fugindo do início de uma briga – cadeiras e garrafas voando, nada de mais. No meio do bolo enxerga Bruno, um dos parcerias. “6 cara!!! 6 cara!!!” diz entusiasmado ele os fatos/contos, descrevendo como o seu fuckingreatpimp method para pegar mulher é infalível.


Enquanto se diverte com as histórias, avista um dos closes: Hum... dá pra andar de mão dada e apresentar em casa pensa em voz alta enquanto ela o reconhece, ri e comenta com as amigas. Ele sorri levemente e sem mostrar os dentes, acena positivamente com a cabeça respondendo ao “me liga” dela – e ganha o respeito de Bruno.


Enfim aparece Leo, emprestando a jaqueta para a ficante – um legitimo gentleman. E se demoram nas despedidas e troca de números. “Será que vamos perder mais um?  não se desgrudam...” diz Bruno. É bem verdade, e a bem da verdade sim, Gabriel sente uma inveja boa da situação. Conversas, beijos, abraços, desliga você, quartadosofá, filme, vem logo, tô com saudade, não demora, to te esperando, planos, tá bom, nada, beiço, ciúme, brigas, idasevindas. Fim, fossa, poço. Amigos, festas, liberdade. 


Leo se solta, e entram no carro já dia claro. A conversa segue até o sono se mostrar mais forte que Bruno e Leo, deixando Gabriel na companhia da estrada e de uma lata de Red Bull. Casa, banho e cama. “Adorei te conhecer, bjo” lê em voz alta a msg recém recebida dela. Percebe como 95% das coisas que planeja não saem como planejado, e mesmo assim, tudo acontece fucking awesomente bem. Responde a msg sem a certeza para onde nem até quando isso tudo vai – e nem como. E quem sabe do que depende?


Do alto da sua imaturidade, tem como certo apenas o fim e o tempo. Para tudo e para todos. E sabe que ventos certos trarão a onda certa - e ela não vai se atrasar, nem se adiantar.